Por que deixamos de ser macacos? Evolucionismo e Neotenia.

Por que deixamos de ser macacos?

Entenda o evolucionismo através da Neotenia.

     Neotenia talvez possa soar como uma palavra estranha pra você que nunca tenha ouvido falar antes, mas seu significado pode ser tão interessante que irá lhe surpreender e lhe tomar alguns ricos minutos de sua leitura em busca de mais informações para complementar seu conhecimento.

 

    Neotenia vem do grego onde neo que significa jovem, e teinein, que quer dizer estender, ou seja, é mais ou menos uma juventude alongada, é o nome que damos à propriedade, em animais, da retenção na idade adulta de características típicas de sua forma jovem. Ou seja, significa manter em nossa idade avançada, quando somos adultos ou idosos, características típicas de nossa forma mais jovem.

 

                                                            

     Agora que sabemos o que significa neotenia, como isso vai nos ajudar compreender os processos evolutivos que levaram os seres vivos a se tornarem mais "evoluídos"? É possível um macaco se tornar homem? calma, vamos por partes.

    Dizer que o homem descende do macaco, como sabemos, é apenas uma forma cômica de lembrar que pertencemos ao reino animal e que, assim como os demais animais, evoluímos de formas anteriores até chegar a nossa figura e desenvolvimento mental atual. Do macaco não passamos de primos distantes, pois o homem e os grandes macacos (chimpanzés, gorilas e orangotangos) tiveram um ancestral comum, e esse por sua vez também descendia de uma outra forma mais tosca. 

  

   No ventre materno, antes de nascer, o ser humano lembra em sua anatomia as várias fases por que teriam passado os seres humanos até chegarem a sua forma de hoje.


     

 

  Observações e radiografias revelam que o homem, em seu estado fetal, inicia a vida como se fosse tornar-se um peixe, possuindo brânquias, coração e rins semelhantes aos dos peixes; depois, assume feições de anfíbio e réptil, chegando à figura do macaco numa de suas últimas fases dentro do útero de sua mãe, possuindo até mesmo cauda, que depois é absorvida.

 

Esta imagem mostra o embrião humano se desenvolvendo, notou o rabinho? pois bem.

 

      Pela possível ordem genealógica, teriam surgido na Terra primeiro os lêmures, que são macacos com focinho de raposa, depois os monos, saguis, e babuínos, em seguida os antropoides ( grupo que compõe homem e os grandes primatas ), e finalmente os homens.

                                                      
                                                   Aqui uma espécie de lêmure. 

https://www.infoescola.com/animais/lemure/

    Dos lêmures até o homem, podemos notar que a cabeça, assim como o cérebro aumentaram constantemente de volume e suas circunvoluções do cérebro ficaram muito mais complexas.

Esqueleto de um gorila comparado ao humano

www.pinterest.dk/pin/352054895852203570/

Como podemos ver o "plano de construção"  da armação óssea é o mesmo, apenas variando nas proporções e tamanhos.

  

Na opinião de H. G. Wells, os ancestrais do homem não teriam sido raça muito abundante, nem andariam em rebanhos como os herbívoros. formavam pequenos grupos "familiares", como os antropoides de hoje, que andam sós ou aos pares, com um ou dois filhotes. Gerações inteiras, dos estágios ancestral de "homens macacos" teriam se perdido sem deixar fósseis, ou então ainda não foram encontrados, são os chamados "elos perdidos".

 

  Conhecemos, porém, alguns fósseis de macacos que revelam que, há uns 50 milhões de anos, surgiram entre os mono dessemelhanças que abririam caminho até o homem.

  Por exemplo o Dryopithecus, que possuía uma maxila muito semelhante à do homem. No norte da Índia, encontram-se ainda hoje remanescentes de macacos que tem caracteres quase humanos, os Sivapithecus. No Egito há uns 50 ou 60 milhões de anos habitava o Propliopithecus, era do tamanho de um gato mas tinha feições francamente humanas.

Sivapithecus                                                                            Dryopithecus

www.sciencephoto.com

parody.fandom.com/wiki/Dryopithecus

  
        Propliopithecus

https://www.pinterest.ca/pin/115334440427545149/

   

    

     Ok, mas de que forma esses seres primatas, anteriores aos grandes macacos atuais, puderam transformar-se em um homem???

  Ok agora entenderemos o que a neotenia tem a ver com tudo isso.

  

   O Holandês Louis Bolk propunha substituir a expressão "o homem descende do macaco" por outra: "O homem descende de um feto do macaco". isso, conforme já explicamos no início do artigo, porque existe maior semelhança entre um feto de homem e um feto de macaco do que, mais tarde, entre homem adulto e macaco adulto.

    Outro fenômeno peculiar a raça humana, é que nós só completamos o crescimento por volta dos 25 anos de idade, quando param de crescer nossos ossos longos. Ademais, temos o crânio maior que a face, nossos dentes vem mais tarde e somos revestidos de pouco pelo, ou seja, somos uma versão "incompleta" de macaco, em alguns aspectos.

   Observações e experiências vieram revelar que alguns animais tem capacidade de se reproduzir em seu estado larval, isto é, sem amadurecer sexualmente dão nascimento a larvas que lhes assemelham em todas as minúcias. E tais larvas, sempre se reproduzindo, demoram várias gerações para se tornarem adultos.

                       Axolote

https://www.livescience.com/axolotl-facts.html

Esse fenômeno é particularmente constatado nos pequenos e fofos axolotes, encontrados no México, batráquios parecidos com salamandras, de longa cauda achatada e com um colar de brânquias para absorver o oxigênio da água.                     

       Os axolotes, depois que saem de seus ovos, passam por uma fase de girino aquático, antes de se transformar em adulto por completo. Nessa fase eles podem se reproduzir, sem se transformar em adultos senão na segunda geração.

       Alguns biólogos conjecturam que o homem seja um produto do fenômeno neotênico, isso é, algum algum antropoide primitivo, por força de fatores que ainda não podemos determinar, teria adquirido a capacidade de reproduzir-se em estado larval. Um desequilíbrio hormonal, provocado pela mudança de temperatura e de alimentação, poderia ter feito com que aquele antropoide primitivo abortasse regularmente, dando nascimento a seres "incompletos", ainda em estado fetal, e estes, por sua vez, passassem a reproduzir-se antes de "completarem-se" dando origem, assim, a um antropoide diferenciado diga-se de passagem, uma criatura a caminho do homem, tal como somos hoje.

    A teoria da neotenia está longe de ser provada, mas é biologicamente admissível, pois explica a "passagem" do antropoide, através do seu feto incompleto, ao feto "completo" que é o homem, de certa maneira.

Fontes bibliográficas: A marcha do homem - Mário Donato

                                    Chão de História - Bicho quase homem vol.1